Vivemos em uma cultura que sobrecarrega os pais com a responsabilidade de educação dos filhos. Isso significa que todos partem do conceito que já nascemos prontos para criar e educar nossos pequenos e a maternidade e a paternidade é instintiva e natural.

Pouco se fala da importância do aprendizado da família para receber um novo membro, inclusive esse conceito é rodeado de tabus e crenças.

Em geral, se diz que os pais sempre sabem o que é melhor para seus filhos. Isso pode deixar muitos pais desorientados quando eles precisam de ajuda e suporte.

A educação parental é uma forma de ajudar esses pais e, consequentemente, seus filhos.

Na primeira infância essa relação se faz ainda mais importante, pois no período de 0 a 3 anos o ser humano se desenvolve de forma muito intensa, e os reflexos desse desenvolvimento acompanharão essa criança por toda a sua vida.

As funções como linguagem, desenvolvimento motor, espacial e afetivo são construídos de forma enfática nessa etapa da vida e com isso a relação dessa criança com sua família é de extrema importância.

Mas quem pode ajudá-los? E como isso beneficia as crianças? Saiba mais abaixo:

O que é educação parental?

Quando os pais confiam apenas na própria intuição e na criação que tiveram, a educação dos filhos pode ser complicada. Conflitos são criados e nunca resolvidos, traumas são passados de uma geração para outra, etc.

Sabemos o quanto as crianças hoje são estimuladas por diversos meios e a ciência também já nos revelou muito conhecimento acerca de como o cérebro se desenvolve, portanto, aprender a lidar da melhor forma com essas transformações é importante para que tenhamos cada vez mais confiança na criação de nossos filhos.

A educação parental surge como uma possibilidade. E se os pais pedissem ajuda para profissionais? E se houvesse instituições que ajudem os pais a compreenderem melhor a parentalidade e seu papel no processo de desenvolvimento dos seus filhos?

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Muito pode ser aprendido a partir desse compartilhar de conhecimento e experiências. Por exemplo, se os pais aprendem mais sobre o desenvolvimento infantil e o que esperar de cada fase da criança, vai estabelecer uma melhor relação com suas próprias expectativas como pais e também dos demais membros da família.

Existe na sociedade uma cobrança muito forte pelo precoce. Com quantos meses ele andou? Com quantos meses falou? Com quanto anos aprendeu a escrever? Ele(a) já sabe andar de bicicleta? Sabe nadar? Sabe ler? É uma enxurrada de ansiedade que força pais a enxergarem muitas vezes problemas onde não existe e forçar filhos a superarem etapas sem estarem prontos pra ela.

A educação parental orienta os pais a lidarem de forma mais equilibrada com essas questões e priorizar o bem estar dos filhos e seu desenvolvimento no tempo certo.

Ao mesmo tempo, aprendem o que fazer e como lidar com as diversas situações que surgem quando o desenvolvimento é inadequado.

Eles também aprendem sobre comunicação, sobre como criar um ambiente mais positivo para as crianças e também sobre como se posicionar diante de comportamentos desafiadores.

O ideal é que a educação parental ocorra desde a gestação pois prepara a família para receber o bebê, compreender as transformações que ele e a mãe sofrerão nos primeiros meses e como o apoio de todos faz a diferença.

Um lar empático, acolhedor e colaborativo são fundamentais para que todos na residência se adaptem ao novo. A chegada de um bebê é algo mágico, mas também transformador da rotina e entendem essa transformação facilita muito a lidar com os desafios do dia a dia.

Se você quer se aprofundar sobre os primeiros anos de vida, a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal tem um material muito completo sobre primeira infância.

Há muita informação sobre educação parental e é muito importante ressaltar que muitas instituições oferecem essa informação em escolas e creches. Também existem profissionais na indústria privada. Assim, os pais podem procurar o apoio ideal para cada caso.

Como a educação parental beneficia as crianças?

Quando a educação parental trabalha com o desenvolvimento dos pais e responsáveis, as crianças também se beneficiam. Confira, abaixo, alguns dos benefícios desse conhecimento:

Ambiente mais positivo

Pais que não sabem criar rotinas, estabelecer limites saudáveis e resolver conflitos se sentem frustrados e perdidos. Esses sentimentos são passados para a casa inteira, gerando mais tensões e mais problemas que ficam sem solução.

As crianças se sentem imediatamente afetadas por esses ambientes. Estão sempre com medo de como os pais vão reagir, não sabem como se expressar e, a partir de certa idade, procuram ficar em outros lugares.

Promovendo uma melhora nas reações dos pais, a educação parental torna o ambiente familiar muito mais positivo. Logo, crianças e pais se sentem menos frustrados e confiantes.

Durante a pandemia de COVID-19, as relações familiares mudaram.

Melhor solução de conflitos

Não é preciso esperar até a adolescência para que pais e filhos passem a ter conflitos. Mesmo crianças pequenas se tornam irritadiças e mesmo raivosas quando são contrariadas ou frustradas.

O problema é que muitos pais não sabem lidar com essas situações, e se sentem envergonhados quando birras e manhas ocorrem em público, tentando de todas as formas minimizar a situação se desviando dos olhares julgadores.

Com isso transformam os rompantes das crianças em grandes conflitos. A educação parental ajuda os pais a assumirem seus papéis enquanto adultos, evitando que eles utilizem métodos ineficientes para resolver conflitos.

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Mais motivação e confiança

Enquanto os pais tentam apagar incêndios e manter os filhos saudáveis, a saúde mental e emocional dos pequenos pode ser negligenciada. Isso se reflete em crianças que sentem medo ou vergonha de se expressarem.

Como resultado, elas podem crescer como adultos que não tem motivação ou confiança nas próprias habilidades. Quando os pais recebem a educação parental, no entanto, eles aprendem a desenvolver essas habilidades em seus filhos.

O vínculo familiar pode fazer grande diferença na vida das crianças.

Assim, na vida adulta, eles se sentirão mais confiantes, seguros e motivados. Com o tempo, também vão transmitir essas emoções para as crianças da nova geração, promovendo uma vida emocional mais saudável por muitos e muitos anos.

O desenvolvimento infantil é uma responsabilidade de todos. Isso significa que abrir as portas para ajudar os pais é uma importante tarefa social, que pode mudar o mundo. E sim, pais precisam estudar, se aprimorar e estarem abertos a conhecer mais o que a ciência tem para ofertar acerca do desenvolvimento humano.

Não é nenhuma vergonha ou constrangimento dizer que está estudando para ser um pai ou uma mãe melhor e mais bem preparado para criar filhos autônomos e felizes.

Fonte: Portal Planneta Educação