Especial Abril Azul: O mês de abril é marcado pela campanha de conscientização sobre o transtorno do espectro autista.
O Dia Mundial de Conscientização do Autismo foi definido pela Organização das Nações Unidas em 2007, e é comemorado no dia 2 de abril. É uma data importante, pois muitas pessoas não compreendem o que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA), sendo fundamental a propagação de informação de qualidade. Entender melhor esse transtorno é a chave para o fim do preconceito e da discriminação que cercam as pessoas com TEA, as quais apresentam apenas uma forma diferente de agir e encarar o mundo.
De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde, uma em cada 160 crianças está no TEA. Ainda de acordo com a Organização, tem-se observado um avanço dos casos pelo mundo, o que pode ser explicado pelo aumento da conscientização sobre o tema e uma maior busca pelo diagnóstico. Sendo assim, o Dia Mundial de Conscientização do Autismo é também importante para que mais pessoas sejam diagnosticadas precocemente e tenham acesso a terapias, as quais podem ser decisivas para seu desenvolvimento.
E quem são estas pessoas? São vizinhos, colegas, familiares, estudantes, trabalhadores…. Autismo não tem cara, por este motivo se acirram as invisibilidades que sofrem, além do fato do espectro também ser atravessado por dispositivos de exclusão relacionados à classe social, à cultura, ao gênero, à etnia e raça, entre outros marcadores sociais.
A campanha nacional deste ano tem o tema “Mais Informação, Menos Preconceito”.
Há autistas em todos os lugares e cada vez mais apropriados de seus direitos humanos, sociais, civis e políticos, entre outros. A senadora Mara Gabrilli, do PSD de São Paulo, lembrou que a lei que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, da qual foi relatora na Câmara, trouxe melhorias, mas precisa avançar. Eu aprendi demais com as pessoas com autismo, principalmente com suas mães, que são verdadeiras guerreiras e têm todo o mérito de terem tirado as pessoas com autismo da invisibilidade, que tinham ouvido tantos “nãos” desde o nascimento de um filho. Foi muito impactante para mim ter sido relatora desta lei porque mudou a minha visão de mundo por causa disso. E quantos são os autistas no Brasil?
Esse número nunca foi quantificado oficialmente, mas no Censo de 2022, pela primeira vez há uma pergunta específica, ainda que apenas no chamado formulário completo, que foi preenchido por menos pessoas, para conhecer melhor essa parcela da população. E como o censo é um instrumento importante para a implantação de políticas públicas, nada mais justo que ela esteja inserida. É o que aponta o senador Izalci Lucas, do PSDB do Distrito Federal. Ao apresentar as pessoas com autismo como sujeitos que demandam nosso respeito e nosso reconhecimento em sua condição peculiar, conduz decisivamente à construção de uma sociedade mais justa, mais inclusiva, na qual cada pessoa, cada um possa contribuir de acordo com as suas capacidades e seja acolhido em suas necessidades Vários projetos em análise no Senado dizem respeito ao universo do transtorno do espectro autista. Um deles, do senador Jorge Kajuru, do PSB de Goiás, que está aguardando sugestões dos senadores, estabelece multa para profissionais que discriminarem ou permitirem, dentro de suas responsabilidades, que pessoas com transtorno do espectro autista sejam discriminadas. Outro, que está na Comissão de Direitos Humanos aguardando relatório do senador Randolfe Rodrigues, da Rede do Amapá, torna obrigatória a inclusão do símbolo mundial da conscientização do transtorno do espectro autista em todas as placas de sinalização de prioridade em estabelecimentos abertos ao público, em veículos de transporte, em repartições públicas e outros. Um terceiro, da senadora Ivete da Silveira, do MDB de Santa Catarina, que também aguarda sugestões, estabelece que o laudo de diagnóstico que identifique o transtorno do espectro autista tenha validade indeterminada. E isso demanda dos pais dela, cada vez que precisa fazer algum tipo de exame, qualquer outra coisa, precisa ir de novo no SUS confirmar que ela tem o espectro autista. Muitos estresse nas crianças, nos familiares. Se o médico dá o laudo positivo, então por quê que tem que estar voltando sempre cada vez que acontece alguma coisa? Outros aspectos muito importantes são o diagnóstico precoce e especialmente a oferta de tratamento É o que aponta a presidente da Associação Tudo Azul, Maria Leidismar Araújo Achamos muito bonita a questão de o diagnóstico precoce ser obrigatório, mas precisamos que o atendimento a essas pessoas seja também obrigatório. Não adianta diagnóstico precoce sem atendimento efetivamente positivo para essas crianças. Essas crianças precisam se desenvolver, precisam se desenvolver rápido, para que não se tornem adultos com mais problemas, com mais limitações ainda. As Comissões de Educação, de Assuntos Sociais e de Direitos Humanos vão promover uma audiência pública para debater os desafios das pessoas com transtorno do espectro autista. A iniciativa é do presidente da Comissão de Educação, senador Flávio Arns, do PSB do Paraná: Com o objetivo de discutir a realidade, as perspectivas e os desafios das pessoas com transtorno do espectro autista. A Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista – TEA: o que está sendo feito e os desafios para a sua implementação, incluindo o diagnóstico precoce, os atendimentos terapêuticos multiprofissionais, medicamentos e nutrientes, assim como, orientação e apoio às famílias. E para terminar essa reportagem especial, fiquem com o recado do Vinícius Barbosa, que é autista e estudante de Direito. Confiem no potencial dos filhos de vocês, confiem nos filhos de vocês, porque eles, com certeza, poderão chegar mais alto, poderão ter ensino superior, falar em ter sua independência financeira e a sua independência civil mesmo.
E deixou deixou bem claro: confiem no filho de vocês porque vocês, com certeza, conseguirão se orgulhar dele da Rádio Senado, Pedro Pincer.