“No Brasil a hipertensão gestacional é a primeira causa de morte materna especialmente quando se instalam nas suas formas mais graves”.
A hipertensão é a complicação clínica mais comum da gestação. Fatores de risco como diabetes etilismo, tabagismo, hipertensão arterial crônica, anemia falciforme, nuliparidade, extremos de idade materna, a cor e a obesidade estão entre a etiologia da doença.
Considerações
Há a necessidade de melhorias na assistência obstétrica adequada, com atenção especial às gestantes hipertensas primíparas e de idade mais avançada com atenção especial a esses fatores para procurar melhorar os resultados maternos e perinatais das gestantes.
Desenvolvimento da classificação clínica e diagnóstico diferencial entre as síndromes hipertensivas da gravidez
Ministério da Saúde
Hipertensão gestacional
A expressão refere-se ao aparecimento da hipertensão em conseqüência da gravidez, e que acontece após 20 semanas de gestação.
• presença de pressão arterial diastólica > 90 mmHg
• aumento da pressão diastólica acima de 15 mmHg do valor conhecido previamente
• ausência de proteinúria
• mulheres previamente normotensas e sem proteinúria
• normalização no puerpério remoto após seis semanas
Possibilidade de evolução clínica:
1. Pré-eclâmpsia quando a hipertensão associa-se à proteinúria
2. Hipertensão arterial latente ou transitória (principalmente em multíparas)
Proteinúria gestacional
_ proteinúria sem hipertensão
_ mulheres previamente normotensas e sem proteinúria, com diagnóstico após a 20ª semana de gestação
_ normalização no puerpério remoto
Possibilidades de evolução clínica:
1. proteinúria postural (ortostática)
2. infecção urinária
3. pré-eclâmpsia (proteinúria que precede a hipertensão)
4. doença renal crônica não diagnosticada previamente
5. doença renal aguda
Pré-eclâmpsia (hipertensão e proteinúria), nas formas leve ou grave:
• após a 20ª semana de gestação em mulheres previamente normotensas e sem proteinúria
• normalização no puerpério remoto
• aumento da pressão arterial diastólica a 90 mmHg ou mais
• aumento da pressão diastólica acima de 15 mmHg do valor conhecido previamente
• presença de 300 mg ou mais de proteínas em urina de 24 horas ou labistix (1+) ou mais
Hipertensão arterial crônica
Causas:
_ essencial (primária)
_ vascular: vasculite, coarctação de aorta
_ endócrina: supra-renal (feocromocitoma)
_ induzida por droga
_ de origem renal
Diagnóstico clínico:
1. hipertensão antes de 20 semanas de gravidez
2. hipertensão crônica comprovada em qualquer idade gestacional
3. hipertensão que persiste após seis semanas de puerpério
Doença renal crônica
_ glomerulonefrite (secundária ou idiopática)
_ túbulo intersticial (infecciosa, tóxica ou metabólica)
Achados clínicos:
• proteinúria prévia à 20ª semana de gravidez
• proteinúria na presença de doença renal previamente conhecida em qualquer idade gestacional
• proteinúria persistente no puerpério remoto
Hipertensão crônica com pré-eclâmpsia superajuntada
Diagnóstico clínico:
1. piora da hipertensão arterial, com aumento de pelo menos 15 mmHg da pressão arterial diastólica sobre os níveis prévios
2. desenvolvimento de proteinúria
3. fundo de olho com exsudato, edema e/ou hemorragia retiniana
Diagnóstico específico:
_ biópsia renal com simultaneidade de lesões renais e de endoteliose capilar glomerular
Hipertensão e/ou proteinúria não classificadas
Esta categoria é muito útil na prática clínica, por permitir que o diagnóstico clínico do quadro hipertensivo gestacional seja revisto no puerpério.
_ primeira consulta de pré-natal após 20 semanas
_ idade gestacional duvidosa ou ignorada, mas clinicamente superior a 20 semanas
_ história clínica com informações inconclusivas para o diagnóstico de hipertensão arterial crônica
Reclassificação no puerpério, após seis semanas:
1. hipertensão e/ou proteinúria gestacional: desaparecem a hipertensão e/ou a proteinúria
2. hipertensão crônica ou doença renal crônica: persistem a hipertensão ou a proteinúria, ou ambas
3. hipertensão arterial crônica com pré-eclâmpsia superajuntada: persiste a hipertensão e desaparece a proteinúria
Eclâmpsia
É a presença de convulsões tônico-clônicas generalizadas em mulher com quaisquer dos quadros hipertensivos descritos, não causadas por epilepsia ou qualquer outra patologia convulsiva, e que pode ocorrer na gravidez, parto ou até dez dias de puerpério.
Pré-eclâmpsia
Conceitua-se como pré-eclâmpsia (PE) o aparecimento de hipertensão arterial acompanhada de proteinúria em gestação acima de 20 semanas, podendo haver ou não edema. Anteriormente a este período, pode surgir acompanhando doença trofoblástica gestacional.
Assim, considera-se hipertensão o aumento dos níveis tensionais de 140 x 90 mmHg, confirmado após período de repouso. A pressão arterial deve ser aferida com a paciente sentada, anotando-se o 1º e 4º ruídos (aparecimento e abafamento das bulhas) como indicadores das pressões sistólica e diastólica.
Doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG)
Fonte: c Ministério da Saúde, 2000.
Gestação de Alto Risco / Secretaria de Políticas, Área Técnica da Saúde da Mulher. _ Brasília : Ministério da Saúde, 2000.
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 195.