Os anti-histamínicos, comumente disponíveis sem receita médica e utilizados para tratar alergias, podem contribuir para a infertilidade masculina, de acordo com pesquisas recentes
Os autores do novo artigo argumentam que são necessários mais estudos que confirmem esta possibilidade e sugerem que as pessoas sejam avisadas sobre o excesso no uso dessas medicações. A coautora da pesquisa, a médica endocrinologista Carolina Mondillo, da Universidade de Buenos Aires (Argentina), relatou os resultados na revista Reproduction.
Histamina é uma molécula que o corpo produz quando o sistema imunológico é ativado por uma ameaça percebida. Os histamínicos tentam remover as alergias do corpo induzindo espirros e demais secreções já conhecidas. Isso faz parte do sistema padrão de defesa do corpo – mas, em algumas pessoas, o sistema imunológico reage excessivamente a desencadeadores, como pólen, caspa ou poeira, e leva as histaminas a criar espirros. Os anti-histamínicos são os medicamentos mais utilizados para reduzir esses sintomas. No entanto, além de atuar sobre a histamina, também se descobriu que anti-histamínicos afetam outras áreas da saúde, criando efeitos colaterais indesejáveis ligados ao comportamento da função sexual e fertilidade.
Como as alergias estão se tornando cada vez mais comuns nos países industrializados, o uso de anti-histamínicos também está aumentando, por isso é importante que cientistas e médicos compreendam melhor os efeitos colaterais ligados a esses medicamentos sem receita médica.
“Infelizmente, na maioria das vezes, a investigação no homem só é iniciada quando as dificuldades para engravidar são percebidas pelo casal, que acaba procurando o médico ginecologista para exames de rotina. Entretanto, como muitos casais estão adiando a gravidez, levando à diminuição das chances de gestação quando a mulher completa 35 anos, recomenda-se que este homem faça uma investigação de sua fertilidade antes mesmo de decidir programar um filho”, alerta o ginecologista e especialista em reprodução humana Arnaldo Cambiaghi, diretor do Centro de Reprodução Humana do IPGO.
Anti-histamínicos reduzem a qualidade do esperma
Pesquisadores do Instituto de Biologia e Medicina Experimental em Buenos Aires, Argentina, realizaram uma revisão sistemática de estudos em animais que investigavam associações entre histaminas e fertilidade. Eles analisaram os estudos de pequena e grande escala que ocorreram nas últimas quatro décadas.
A revisão descobriu que vários dos estudos relataram uma associação entre o uso de anti-histamínicos em animais machos e a função prejudicada dos testículos.
Os autores do estudo sugerem, então, que os anti-histamínicos parecem interferir na produção de hormônios sexuais nos testículos, levando a deformação e a baixa contagem de espermatozoides.
É importante ter em mente que todos os estudos feitos pela médica Carolina Mondillo e colegas foram conduzidos em animais. Estudos em seres humanos que analisam a associação entre o uso de anti-histamínicos e a fertilidade masculina são limitados, por isso é difícil generalizar esses achados.
São necessários mais estudos
Outras pesquisas também serão necessárias para entendermos quais os prejuízos causados para a fertilidade masculina. Segundo a médica, mais testes serão necessários para avaliar os possíveis efeitos negativos do anti-histamínico na saúde reprodutiva e sexual. Isso pode levar ao desenvolvimento de novos tratamentos para aliviar os sintomas de alergia sem comprometer a fertilidade.
Os pesquisadores dizem que agora começarão a avaliar como as histaminas causam impacto nos tumores testiculares. Em estudos anteriores, outros medicamentos comuns também foram associados à infertilidade masculina, como bloqueadores dos canais de cálcio, antidepressivos tricíclicos e esteroides anabolizantes.
Em 2017 foi publicada uma característica sobre como a infertilidade pode afetar os homens. Nessa postagem foi analisado como algumas dicas de estilo de vida simples podem ajudar a reduzir o risco de infertilidade masculina. Elas incluíam itens como: alimentação saudável, manter o peso certo, reduzir o estresse e ser fisicamente ativo. Também se recomenda cortar o tabagismo, reduzir a ingestão de álcool e evitar roupas íntimas apertadas.
“Tanto para o homem quanto para a mulher, os exercícios moderados são úteis e ajudam a aumentar a chance de concepção do casal. Aqueles que não estão habituados a esta prática devem iniciar lentamente, supervisionados por profissionais especializados, aumentando progressivamente a carga e as atividades, e de acordo como o permitido pelo organismo; exageros não são bem-vindos”, afirma Cambiaghi.
Segundo o médico, as atividades mais aconselháveis para as iniciantes são: caminhadas, natação, yoga, e ciclismo. São de baixo impacto tanto para a musculatura como para as articulações e devem com o tempo alcançar na mulher uma freqüência de 3 a 4 vezes por semana durante 30 minutos por vez. “Correr mais do que 16 quilômetros por semana é exagero nestes casos e podem ser prejudiciais. No homem podem ser acrescentados exercícios mais vigorosos que não ultrapassem de 20 minutos, 3 vezes por semana”, finaliza o médico.
Mais sobre o assunto em: www.fertilidadedohomem.com.br
Sobre Arnaldo Schizzi Cambiaghi é diretor do Centro de reprodução humana do IPGO, ginecologista-obstetra especialista em medicina reprodutiva. Membro-titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Laparoscópica, da European Society of Human Reproductive Medicine. Formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e pós-graduado pela AAGL, Illinois, EUA em Advance Laparoscopic Surgery.Também é autor de diversos livros na área médica como Fertilidade Natural, Grávida Feliz, Obstetra Feliz, Fertilização um ato de amor, e Os Tratamentos de Fertilização e As Religiões, Fertilidade e Alimentação, todos pela Editora LaVida Press e Manual da Gestante, pela Editora Madras. Criou também os sites: www.ipgo.com.br; www.fertilidadedohomem.com.br; www.fertilidadenatural.com.br, onde esclarece dúvidas e passa informações sobre a saúde feminina, especialmente sobre infertilidade. Apresenta seu trabalho em congressos no exterior, o que confere a ele um reconhecimento internacional.
(Fonte: in the press comunicação)
Jornalista responsável: Cármen Guaresemin
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