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Caras e bocas na barriga da mãe

Os bebês reagem de forma diferente aos sabores e odores ainda na barriga da mãe

O estudo, realizado por pesquisadores da Universidade de Durham, no Reino Unido, e da Universidade de Borgonha, na França, foi publicado na revista científica Psychological Science, sobre as reações de forma diferente aos sabores e odores ainda na barriga da mãe durante a fase final da gestação, os cientistas concluíram pela primeira vez, após analisarem expressões faciais dos fetos por meio de exames de ultrassom.
Os responsáveis pelo estudo, analisou os fetos saudáveis e conduziram exames de ultrassom 4D em 100 mulheres de 18 a 40 anos com gestação de 32 a 36 semanas.
Embora se saiba que algumas crianças não são grandes fãs de verduras, um novo estudo sugere que essas preferências alimentares podem surgir antes mesmo de nascerem. A pesquisa contou com cápsulas de cenoura e couve orgânica à mulheres com até 36 semanas de gravidez.

A maioria dos fetos exibiu um rosto sorridente – uma espécie de “cara de riso” no útero quando expostos ao sabor das cenouras consumidas por sua mãe e dão uma resposta com “cara de choro” quando expostos à couve, de acordo com um estudo publicado na revista Psychological Science, divulgado nesta quarta-feira (21).

“Decidimos fazer este estudo para entender mais sobre as habilidades fetais de provar e sentir cheiros no útero”, disse Beyza Ustun, pesquisadora de pós-graduação no Laboratório de Pesquisa Fetal e Neonatal da Universidade de Durham, no Reino Unido.

Embora alguns estudos tenham sugerido que os bebês podem provar e cheirar no útero usando resultados pós-parto, “nossa pesquisa é a primeira que mostra evidências diretas de reações fetais aos sabores no útero”, acrescentou Ustun.

As descobertas mostram que os fetos, nos últimos três meses de gravidez, são maduros o suficiente para distinguir diferentes sabores transferidos da dieta materna.

A partir disso, 35 mulheres foram colocadas em um grupo experimental que consumiu uma cápsula de couve orgânica, 35 foram colocadas em um grupo que tomou uma cápsula de cenoura e 30 foram colocadas em um grupo controle que não foi exposto a nenhum dos sabores.

Os participantes foram solicitados a não consumir nenhum alimento ou bebida com sabor uma hora antes de seus exames. As mães também não comeram ou beberam nada contendo cenoura ou couve no dia de seus exames para ter certeza de que não influenciaria os resultados.

Enquanto o sabor da cenoura pode ser descrito como “doce” pelos adultos, a couve foi escolhida porque transmite mais amargor aos bebês do que outros vegetais verdes, como espinafre, brócolis ou aspargo, de acordo com o estudo.

Após um período de espera de 20 minutos após o consumo, as mulheres foram submetidas a ultrassonografias 4D, que foram comparadas com imagens 2D dos fetos.

O puxão do canto dos lábios, sugestivo de sorriso ou risada, foi significativamente maior no grupo da cenoura em comparação com o grupo de couve e controle.

Enquanto movimentos como levantar o lábio superior, baixar o lábio inferior, pressionar os lábios e uma combinação desses – sugestivos de cara de choro – foram muito mais comuns no grupo da couve do que nos outros grupos.

Imagem 4D do mesmo feto mostrando uma reação de choro após ser exposto ao sabor da couve / Fetap Study / Fetal and Neonatal Research Lab / Durham University

“A essa altura, todos sabemos a importância da alimentação saudável para as crianças. Existem muitos vegetais saudáveis, infelizmente com sabor amargo, que geralmente não são atraentes para as crianças”, disse Ustun. Ela acrescentou que o estudo sugere que “podemos mudar suas preferências por esses alimentos antes mesmo de nascerem, manipulando” a dieta de uma mãe durante a gravidez.

“Sabemos que ter uma alimentação saudável durante a gravidez é fundamental para a saúde das crianças. E nossas evidências podem ser úteis para entender que o ajuste da dieta materna pode promover hábitos alimentares saudáveis para as crianças”, acrescentou.

Tecnologia de imagem aprimorada

Os avanços na tecnologia permitiram melhores imagens dos rostos dos fetos no útero, de acordo com a professora Nadja Reissland, chefe do Laboratório de Pesquisa Fetal e Neonatal da Universidade de Durham. Reissland, que supervisionou a pesquisa, desenvolveu o Fetal Observable Movement System (FMOS), com o qual os exames de ultrassom 4D foram codificados.

“À medida que a tecnologia fica mais avançada, as imagens de ultrassom ficam melhores e mais precisas”, disse ela à CNN, acrescentando que isso “nos permite codificar os movimentos faciais fetais quadro a quadro em detalhes e ao longo do tempo”.

Os pesquisadores agora iniciaram um estudo de acompanhamento com os mesmos bebês após o nascimento para ver se os sabores que experimentaram no útero afetam sua aceitação de diferentes alimentos durante a infância, de acordo com o comunicado.

Todas as mulheres que participaram do estudo eram brancas e britânicas.

“Mais pesquisas precisam ser realizadas com mulheres grávidas de diferentes origens culturais”, disse Ustun à CNN. “Por exemplo, venho da Turquia e, na minha cultura, adoramos comer alimentos amargos. Seria muito interessante ver como os bebês turcos reagiriam ao gosto amargo.”

Ela acrescentou que “diferenças genéticas em termos de sensibilidade ao paladar (ser um super provador ou não provador) podem ter um efeito nas reações fetais aos gostos amargos e não amargos”.

Fonte: CNN Brasil
Foto: Divulgação / Estudo Fetal Taste Preferences (FETAP), Universidade de Durham

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