Médicos e especialistas explicam o que fazer para adotar ações preventivas.
Nos últimos meses, temos acompanhado uma série de casos de febre amarela no estado de São Paulo. Jornais e sites noticiam o aumento dos casos, fazendo um alerta para doença. Diagnosticada em macacos da raça Bugiu em alguns parques da cidade de São Paulo, por segurança, alguns desses parques ecológicos foram fechados, com o risco de transmissão da doença para humanos.
Como proteger bebês com menos de nove meses e pessoas que não podem tomar a vacina?
Nesses casos, devem ser utilizados métodos para evitar picadas de mosquitos e, no caso de viagem para área de risco, analisar a possibilidade de adiamento.
Para quem mora em região de risco, o uso de repelentes, telas de mosquito, blusas de manga comprida e calças, além da manutenção de portas e janelas fechadas podem ajudar a evitar a exposição.
Vale lembrar que o repelente é contraindicado para crianças menores de seis meses, que devem ser mantidas todo o tempo em ambientes protegidos por telas e mosquiteiros em regiões de risco, informa o Ministério da Saúde.
Quem pode tomar a vacina?
Crianças a partir de nove meses e adultos até 59 anos.
Quem pode tomar com restrições?
Pessoas acima de 60 anos e gestantes só devem receber o imunizante se não apresentarem nenhuma contraindicação e estiverem muito próximos a locais com casos relatados.
Indivíduos com HIV/Aids também podem desde que não apresentem imunodeficiência grave. Para isso, deve ser feito exame para contagem de CD4 (células de defesa), informa a Fiocruz.
Mulheres que estão amamentando devem suspender o aleitamento materno por 10 dias após a vacinação.
Quem não pode tomar a vacina, mesmo estando em regiões de risco?
Crianças menores de nove meses. Pessoas com câncer, indivíduos que passaram por transplante e pessoas com alergia grave ao ovo. Todos com deficiência no sistema imune também devem consultar um médico.
A dose fracionada protege da mesma forma que a padrão?
Estudos da Fiocruz demonstraram que 0,1 ml da vacina (dose fracionada) garante imunidade contra a febre amarela por oito anos.
O período corresponde ao tempo de acompanhamento de pessoas que receberam a vacina em estudo. Com o passar dos anos, pode ser que a vacina tenha um período maior de eficácia.
Quanto à dose padrão, já se sabe que uma única dose protege para a vida inteira.
Por esse motivo, o Ministério da Saúde não descarta que aqueles que receberam a dose fracionada tenham que voltar para um reforço, mas isso vai depender de estudos a longo prazo.
(Referências BEM ESTAR/G1)
O Ministério da Saúde tem adotado ações preventivas, aumentando os municípios que receberão a vacina, não havendo assim motivos para maiores preocupações. Mas como ainda existem dúvidas sobre a doença, mencionamos um texto da Dra. Priscila Zanotti Stagliorio, que explana o assunto, e nos faz algumas recomendações.
O perigo da Febre Amarela
Por Dra. Priscila Zanotti Stagliorio, pediatra e autora do blog Pediatra Online – Dicas de pediatra e mãe.
Um novo possível surto de Febre Amarela em São Paulo tomou lugar nos noticiários da TV na última semana. Só em São Paulo já foram confirmadas diversas mortes de macacos da raça Bugio pelo vírus e a preocupação das autoridades de saúde está na proliferação da doença por meio dos mosquitos silvestres Haemagogus e Sabethes, transmissores naturais.
Devido à gravidade e eminência de surto, as Secretarias de Saúde e Meio Ambiente anunciaram uma campanha de vacinação que atingirá mais de um milhão de pessoas em bairros próximos aos locais que tiveram os animais infectados. Entre alguns estão: as unidades Básicas de Saúde dos bairros Hortolândia, Vila Rami, Novo Horizonte e Caxambu, das 9h às 16h. E as unidades de Hortolândia, Tamoio, Caxambu, Vila Rami, Fazenda Grande e Agapeama, que atendem em horário estendido até as 20h. Nas próximas semanas também chegará nos bairros de Tremembé, Casa Verde e Vila Nova Cachoerinha, que são vizinhos ao Horto.
Tendo explicado o que está acontecendo e o por que da preocupação das autoridades de saúde, vou agora falar um pouco sobre a doença e esclarecer boa parte das dúvidas que costumam surgir quando o assunto é febre amarela.
Quais são os tipos de febre amarela?
Na verdade, há dois tipos diferentes de febre amarela:
- Febre amarela urbana – transmite o vírus flavivírus e é caracterizada pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti, o mesmo que transmite dengue, Chicungunha e Zika Vírus. Desde 1942 não há registro deste tipo de doença no Brasil.
- Febre amarela Silvestre – também transmite o vírus flavivírus, mas o mosquito se contamina originalmente com a primeira picada em primatas não-humanos (macacos) que vivem em florestas tropicais. Os vetores são as fêmeas dos mosquitos Haemagogus e o Sabethes, que vivem nas matas e na beira dos rios.
Como costuma se dar a transmissão da doença?
Vale ressaltar que a transmissão da febre amarela não ocorre de pessoa para pessoa e sim quando um mosquito pica uma pessoa e ou um primata (macaco) infectado e depois pica outra pessoa saudável.
Existe vacina?
A vacina é a maneira mais segura de evitar o contágio do vírus da família dos Flavivírus, que atinge humanos e outros vertebrados, e é constituída da cepa 17D, com vírus vivos atenuados, que imunizam e protegem. Sua ação tem poder proteção após dez dias de sua aplicação e está disponível na rede pública e particular para crianças a partir de seis meses de vida (Importante: o recomendado, até pouco tempo, era que se reaplicasse a dose da vacina a cada 10 anos. Entretanto, desde abril deste ano, o Ministério da Saúde adotou a dose única válida para a vida toda, seguindo a recomendação da Organização Mundial de Saúde). Vale lembrar que não é recomendada para gestantes, mulheres amamentando, crianças antes dos 6 meses, pessoas imunodeprimidas, como pacientes com câncer, e maiores de 60 anos.
Quais são os sintomas e como acontece a evolução da doença?
Os sintomas e a evolução da doença, ocorre entre três a seis dias após a picada do mosquito infectado. Por se tratar de uma doença viral aguda, as pessoas infectadas, em geral, além dos sintomas clássicos como febre, mal-estar, vômito, diarreia e calafrios, podem apresentar icterícia (pele amarelada), perda de apetite, náuseas, dores de cabeça e dores musculares, principalmente nas costas, hemorragias, anúria (comprometimento dos rins), hepatite, coma hepático e problemas cardíacos que podem levar ao óbito.
Como se faz o diagnóstico e qual é o tratamento?
Como a doença apresenta sintomas similares ao de outras, é ideal que seja feito um exame laboratorial para o diagnóstico correto. Em regiões com surtos, é importante recorrer ao posto médico ou hospital logo que os primeiros sintomas aparecerem para evitar epidemias ainda maiores. O tratamento requer atenção médica e suporte em hospital para que o quadro não evolua com gravidade. Embora não existam remédios específicos para aliviar e tratar os sintomas, nos casos graves é realizado diálise e transfusão de sangue. Vale dizer que é importante manter a hidratação e evitar o uso de antitérmicos com ácido acetilsalicílico.
Recomendações:
- Aos menores sintomas da doença, procure um posto de saúde e relate ao médico os sintomas manifestantes.
- O uso de repelentes é indicado, desde que atenda a faixa etária e recomendações do médico – para crianças, fale sempre com o pediatra antes de aplicar (para evitar alergias).
- Mantenha a caderneta de vacinação em dia e vá ao posto de saúde se prevenir se você mora nas regiões indicadas.
- A utilização de roupas com magas e pernas compridas ajudam a evitar picadas.
- Evitar os locais com suspeita de mosquitos transmissores é importante para a própria saúde e de outras pessoas.
- Mantenha os locais propícios ao acumulo de água sempre limpos, livres de lixo, entulho e água.