O que é, sintomas, tratamentos, alimentação e novidades
Março é o Mês Mundial de Conscientização Sobre a Endometriose e é quando é realizada a campanha Março Amarelo. São ações para alertar para uma doença de saúde reprodutiva comum. Estimativas da World Endometriosis Research Foundation sugeriam, em 2018, que a endometriose afetaria cerca de 176 milhões de mulheres em todo o mundo. No Brasil, ela atinge uma em cada dez mulheres. Ela ocorre quando o tecido semelhante ao revestimento uterino (o endométrio) cresce fora do útero. Vale lembrar que ela esta fortemente associada à infertilidade e que até 50% das mulheres que necessitam de tratamento para engravidar têm este problema.
Arnaldo Cambiaghi, especialista em ginecologia e obstetrícia, com certificado de atuação na área de reprodução assistida, e responsável técnico do Centro de Reprodução Humana do IPGO, explica o que é endometriose, os sintomas, tratamentos, cirurgias, medicamentos, novos estudos, dá dicas de alimentação e elucida dúvidas por meio de 18 mitos e verdades.
Sintomas
Os sintomas mais comuns da endometriose são cólica, menstruação irregular, dor pélvica e infertilidade. O tratamento da endometriose profunda é sempre cirúrgico, feito por videolaparoscopia, é algo extremamente complexo e exige médicos qualificados e experientes neste tipo de intervenção. “Diversas teorias relacionam o efeito positivo da alimentação sobre a progressão e a agressividade da endometriose. Essa relação ocorre porque a endometriose é uma doença estrogênio-dependente, o que significa que os níveis deste hormônio no organismo podem interferir na progressão da doença”, admite Cambiaghi.
Medicação
“Muitas pesquisas têm sido feitas no desenvolvimento de medicamentos que podem ser usados para aliviar os sintomas associados à endometriose. Além dos medicamentos já estabelecidos, o principal deles no momento, e que foi lançado na Europa em 2018, é o Elagolix, que promete ser a nova sensação nos tratamentos do distúrbio”, diz Cambiaghi, que acrescenta: “O diferencial deste fármaco em comparação aos outros da mesma categoria é que se trata de um antagonista da GnRH que pode ser administrado por via oral, diferente de outros como Zoladex (acetato de gosserrelina), Lectrum (acetato de leuprorrelina), Lupron (acetato de leuprorrelina) que são injetáveis”.
Melatonina ajuda a combater endometriose, além de melhorar a fertilidade
A melatonina é um hormônio produzido no sistema nervoso central pela glândula pineal, uma pequena glândula situada no cérebro que ajuda a controlar o ciclo natural de horas de sono e de vigília e, por isso, é conhecida como “o hormônio do sono”, regulando os ciclos circadianos (dormir-acordar). Sua produção é estimulada pela escuridão e inibida pela luz. Tem papel benéfico e recuperador na qualidade do sono. Quantidades muito pequenas são encontradas em alimentos como carnes, grãos, frutas, legumes e até no vinho tinto. Uma vez sintetizada, a melatonina não é armazenada na glândula pineal, mas é logo liberada para a corrente sanguínea e outros fluidos corpóreos como bile, saliva, liquor, sêmen, líquido amniótico e fluido folicular. “Já é documentado que a melatonina é um excelente antioxidante natural. A partir dos 30, 40 anos poderá prevenir – ou pelo menos retardar – doenças relacionadas com o envelhecimento, os radicais livres e os processos inflamatórios”, afirma o médico.
Fertilidade
Nos eventos reprodutivos como a formação dos folículos ovulatórios (foliculogênese), atrofia dos folículos (atresia folicular), ovulação, maturação dos óvulos e formação do corpo lúteo, há envolvimento de radicais livres. Estudos têm demonstrado que a qualidade dos óvulos e dos embriões depende não só da formação genética e cromossômica, mas também do ambiente onde os óvulos se desenvolvem (fluido folicular que envolve os oócitos antes da ovulação). Assim, a melatonina, com sua ação antioxidante é essencial e tem papel benéfico no processo reprodutivo.
Grandes quantidades de melatonina são encontradas no fluido folicular periovulatório (líquido que envolve o óvulo dentro do folículo), com concentrações maiores do que no sangue periférico. O próprio ovário parece produzir melatonina (pelas células da granulosa), mas a maior parte é absorvida da circulação sanguínea. Quanto maior o folículo, maior a concentração de melatonina. Além de sua ação antioxidante, a melatonina também regula a função ovariana através da regulação da liberação de gonadotrofinas no eixo hipotálamo hipofisário. Os hormônios sexuais têm um importante papel no crescimento e diferenciação de células ovarianas. A melatonina influencia na produção desses hormônios – progesterona, estradiol e androstenediona – em diferentes estágios da maturação folicular, podendo diminuir ou aumentar suas concentrações.
Durante o processo de ovulação, grande quantidade de radicais livres é produzida. Esse excesso induz à apoptose (morte celular programada), resultando na atresia folicular (atrofia dos folículos). Níveis aumentados de melatonina diminuem a quantidade de radicais livres prevenindo essa atresia. O folículo é resgatado pela melatonina e continua seu desenvolvimento até se tornar um folículo dominante. O balanço entre radicais livres e antioxidantes tem papel importante na maturação do óvulo (oócito) e na fertilização. A ação antioxidante da melatonina melhora a qualidade do oócito. A melatonina estimula diretamente a liberação de progesterona pelo corpo lúteo e o protege da ação de radicais livres conferindo manutenção da função lútea.
A falta de melatonina está relacionada ainda com endometriose e com a Falência Ovariana Prematura (FOP). Em pacientes com SOP há diminuição de melatonina no fluido folicular. Em pacientes com infertilidade, o tratamento com melatonina melhora a qualidade do oócito além de melhorar as taxas de fertilização e reduzir os danos oxidativos no fluido folicular. Entretanto, o uso de melatonina para pacientes com SOP, FOP e endometriose é limitado.
Cirurgia
Estudo feito por médicos franceses do CHU (Centre Hospitalier Universitaire) Clemont Ferrand, em 2018, mostrou que a cirurgia de endometriose reduz não só a dor pélvica, como aquela sentida durante a relação sexual, além de melhorar a qualidade de vida das pacientes. Os pesquisadores avaliaram a dor sentida por mulheres com endometriose antes e depois da cirurgia laparoscópica. Além disso, analisaram as respostas que as pacientes deram em um questionário sobre qualidade de vida.
O resultado médio para dor caiu de 5,3, antes da cirurgia, para 2,6, seis meses após a intervenção, e para 2,3, três anos após a operação. A dor pélvica crônica caiu de 2,6 antes da intervenção para 1,4 após seis meses da cirurgia, e para 1,3 três anos após a operação. Já a dor durante a relação sexual caiu de 2,7 para apenas 1,1, seis meses após o procedimento. Número que permaneceu praticamente o mesmo três anos após a cirurgia: 1,2. Os resultados foram animadores também para a qualidade de vida das mulheres no aspecto dor corporal. A melhora foi de 54,6 para 74,4, seis meses após a cirurgia. Já a melhora nas limitações físicas que a endometriose causava saltou de 63,3 para 81,9, seis meses após a cirurgia.
O mesmo ocorreu no quesito qualidade de vida, que aumentou de 66 para 75,6 seis meses após o procedimento. A melhoria nas limitações, devido a problemas emocionais, aumentou de 65,7 para 77,4 após o procedimento. E o mais importante: os resultados não mudaram ao longo dos anos.
“A cirurgia exige do médico consultante um conhecimento abrangente do problema, pois pode atingir vários órgãos. Conhecida por alguns como uma ‘doença sem cura’, pois mesmo tratada pode reaparecer, a endometriose tem esta fama por receber de alguns profissionais um acompanhamento inadequado e insuficiente, principalmente nos casos de endometriose ovariana e endometriose infiltrativa profunda. Nesses casos é fundamental o acompanhamento de profissionais especializados em infertilidade e que tenham experiência em cirurgia pélvica para uma resolução satisfatória”, frisa o especialista em Medicina Reprodutiva Arnaldo Cambiaghi, diretor do Centro de Reprodução Humana do IPGO.
Estudo
Um estudo colaborativo entre pesquisadores da Universidade de Southampton e do Centro de Fertilidade Completa do Hospital Princesa Anne, publicado no Scientific Reports*, em 2016, verificou que a qualidade do óvulo fica severamente comprometida em mulheres que têm endometriose. A descoberta foi que o fluído dos folículos de pacientes com endometriose bloqueia a maturação do óvulo gerando radicais livres chamados de Reactive Oxygen Species – ROS (espécies reativas de oxigênio. em tradução livre) e danificam o DNA. Este dano faz com que o óvulo não amadureça e, assim, não possa ser fertilizado. Porém, mais pesquisas são necessárias para investigar se o problema é tratável ou evitável. O estudo utilizou óvulos imaturos de fêmeas de ratos que foram incubados em fluído folicular de mulheres com endometriose, in vitro. Os pesquisadores examinaram as quantidades de ROS que foram geradas e a capacidade do óvulo de amadurecer. Descobriram que o fluído folicular de mulheres com endometriose resultou em maiores quantidades de ROS.
Para os cientistas é encorajador ver a possibilidade de os danos serem prevenidos por antioxidantes, mas mais pesquisas são necessárias antes que possam por em pratica os resultados. Cambiaghi afirma que a pesquisa apenas corrobora o que já se desconfiava há anos: “Esse estudo reforça a interferência da endometriose na fertilidade feminina e confirma que os radicais livres também têm importância comprovada na infertilidade. Entretanto, não podemos esquecer que tratamos a endometriose utilizando a videolaparoscopia e temos conseguido resultados excelentes. Por isso, ela é considerada uma ótima estratégia para o tratamento”.
Tratamento não hormonal
Cientistas descobriram que certo tipo de célula imunológica pode ser uma das principais causas de dor pélvica em mulheres com endometriose. Os crescimentos anormais, ou lesões, da endometriose podem causar inflamação persistente, dor e infertilidade. Outros sintomas incluem menstruação dolorosa, fadiga, sangramento intenso e dor durante a relação sexual. Até agora não há cura para a endometriose. A cirurgia pode remover algumas lesões e tecido cicatricial. Tratamentos hormonais podem oferecer alívio dos sintomas, mas, muitas vezes, trazem efeitos colaterais após o uso prolongado. Desse modo, há necessidade de drogas não hormonais. Nesse estudo, de 2019, pesquisadores das Universidades de Warwick e Edimburgo, ambas no Reino Unido, descobriram que a causa da dor da endometriose é um tipo de glóbulo branco, chamado macrófago, que sofreu mudanças como resultado da doença. A equipe relata as descobertas em um artigo do Faseb Journal**.
“Os macrófagos podem ser considerados células de limpeza do corpo, e são muito importantes para o sistema imunológico. Eles alertam sobre a presença de agentes estranhos”, afirma Cambiaghi. Ele explica que os tratamentos convencionais que usam hormônios “não são ideais” porque têm como alvo a função ovariana, e podem desencadear efeitos colaterais, como a supressão da fertilidade.
Um conjunto final de testes revelou que impedir a atividade do hormônio, bloqueando o receptor da célula para o IGF-1, “reverte o comportamento da dor observado em camundongos com endometriose”. O fato de sinais no ambiente tecidual local poderem alterar a função dos macrófagos não é novo. No entanto, essas descobertas lançam uma nova luz sobre o que acontece com os macrófagos no caso específico da endometriose. “Este novo estudo traz luz a uma doença complexa, como é a endometriose. E toda novidade positiva tem de ser comemorada. Esta descoberta pode mostrar novas formas de aliviar os sintomas das que vivem com a doença”, enfatiza Cambiaghi.
Alimentação correta pode diminuir os sintomas
Muito se tem insistido na importância de uma alimentação correta para praticamente tudo na vida. Com a fertilidade não é diferente. Mesmo pessoas que tenham alguma doença também podem contribuir para a diminuição dos sintomas seguindo uma dieta saudável. É o caso de um dos males que mais afeta a fertilidade feminina: a endometriose, doença enigmática que vem crescendo pelo mundo. Estima-se que de 10% a 14% das mulheres em sua fase reprodutiva (19 a 44 anos) e de 25% a 50% das inférteis sejam acometidas por este mal. Muitas mulheres chegam a sentir tanta dor que se vêem impossibilitadas de viver uma vida normal e até mesmo a faltar no trabalho.
Diversas teorias relacionam o efeito positivo da alimentação sobre a progressão e a agressividade da endometriose. Essa relação ocorre porque a endometriose é uma doença estrogênio-dependente, o que significa que os níveis deste hormônio no organismo podem interferir na progressão da doença. Assim, estudos diversos relacionam a melhora das dores com algumas intervenções nutricionais pontuais, como aumento do consumo de fibras, substituição de gorduras de animais por óleos de boa qualidade e consumo adequado de vitaminas antioxidantes como A, C, E e complexo B.
São boas fontes de vitamina A: damascos, pêssegos, melão cantalupo e vegetais verde-escuros e amarelo-escuros.
Das vitaminas A e C: abobora, tomate, manga, mamão papaia e couve.
Da vitamina E: frutas cítricas, morangos, pimentas, repolho, batata-doce e brócolis.
Já as vitaminas do complexo B são encontradas em ovos e laticínios (prefira orgânicos), leguminosas e alimentos integrais.
Há também aqueles alimentos que podem agravar a dor como os industrializados, produzidos com excesso de gordura hidrogenada, farinha e açúcar refinado. Os de origem animal são a maior fonte de substancias hormonalmente ativas, pois o tecido gorduroso e produtos à base de gordura animal são grandes retentores de xenoestrogênio, bem como antibióticos, drogas veterinárias e hormônios para estimulo do crescimento. Assim, o ideal é evitar embutidos, carnes vermelhas, leite e derivados não-orgânicos, além de gorduras saturadas.
18 mitos e verdades sobre a endometriose
1 – É fácil diagnosticar a endometriose
Mito: não é fácil diagnosticar a endometriose. É comum que demore até cerca de 8 anos, essa é a média esperada para o diagnóstico da endometriose. Essa é uma das primeiras dificuldades na vida reprodutiva da mulher: o diagnóstico não ser feito precocemente. Uma mulher que chega ao consultório de um ginecologista reclamando de cólica, menstruação irregular e infertilidade, as chances de ter endometriose são muito altas. Se ela acrescentar cólicas muito fortes, abdômen inchado, dor ao evacuar, dor para urinar e dor durante a relação sexual, essa paciente deve ter endometriose profunda. Se o médico estiver atento, o diagnóstico não será difícil, pois a endometriose será uma possibilidade bastante provável.
2 – É normal que os períodos da menstruação sejam extremamente dolorosos
Verdade: mulheres com endometriose se referem a cólicas fortes durante a menstruação. Portanto, se uma mulher estiver sentindo uma dor severa e que não encontra alívio com medicação, a endometriose pode, sim, ser a causa do problema. O melhor é marcar uma consulta com o ginecologista.
3 – Os sintomas estão sempre presentes em mulheres com endometriose
Mito: nem sempre, algumas mulheres não sentem dor alguma, elas só vão perceber que têm endometriose quando forem ao ginecologista e ele pedir um exame de ultrassom de rotina.
4 – Terapias complementares não têm lugar no tratamento da endometriose
Mito: são sempre alternativas possíveis. Porém, o tratamento da endometriose é basicamente cirúrgico, por vídeolaparoscopia, no qual se ressecam as lesões endometrióticas. Podem ser complementos, além dos medicamentos convencionais, terapias como acupuntura, naturopatia e ioga. Porém, sem o tratamento cirúrgico não haverá resultado.
5 – Mulheres com endometriose não podem ter filhos
Mito: cerca de 30% das mulheres com endometriose têm dificuldade em engravidar. Quando se realiza uma pesquisa correta, por meio de exames complementares, como ultrassom e ressonância magnética, é possível diagnosticar em detalhes a doença e, em seguida, realizar a cirurgia ressecando esses focos de endometriose. Após esse tratamento, a mulher pode engravidar, mas é importante que não se esqueça de avaliar também outros problemas de infertilidade, como obstrução tubária, trombofilias, fator ovulatório e fator masculino. Muitas vezes se foca tanto na endometriose que se esquece de verificar a fertilidade do homem.
6 – Gravidez cura endometriose
Mito: este é um dos maiores mitos sobre o problema. Gravidez não cura endometriose. Pode amenizar os sintomas, mas a melhora só é possível com a realização da cirurgia e, mesmo assim, não há garantia de cura da doença. Isso porque os sintomas podem ser amenizados, mas se for algo provisório, a doença pode voltar com o tempo.
7 – Histerectomia cura endometriose
Mito: a endometriose é um tecido endometrial fora do útero. A remoção do útero e/ou dos ovários, sem remover os importantes focos de endometriose não levará à cura. Portanto, histerectomia não cura endometriose, e é um erro gravíssimo acreditar que tirar o útero será a solução para a doença.
8 – Mulheres com endometriose devem evitar exercícios físicos
Mito: pelo contrário, o exercício físico ajuda a melhorar a vascularização e a circulação sanguínea, isso pode amenizar o mal-estar e as cólicas. Mulheres com endometriose devem, sim, realizar exercícios físicos. Além disso, podem tomar outras atitudes como manter uma dieta alimentar adequada.
9 – Adolescentes não têm endometriose
Mito: muito pelo contrário. Muitas já têm sintomas de endometriose no início da adolescência e é fundamental que se faça um diagnóstico precoce para se evitar as complicações futuras, como a infertilidade e o comprometimento de outros órgãos. Isso porque, em casos de endometriose mais avançada, é necessário fazer cirurgias muito mais agressivas. O diagnóstico precoce da endometriose é fundamental e não deve ser descartado porque a paciente é adolescente.
10 – Mulheres com endometriose sofrem dor somente durante o período menstrual.
Mito: a dor pode ser intermitente ou contínua. Ela é mais frequente nos períodos menstrual e pré-menstrual. Às vezes, pode ocorrer durante ou após a atividade sexual, o que é mais comum quando houver um comprometimento do intestino ou bexiga, ou regiões próximas ao fundo da vagina.
11 – Endometriose é mais comum entre mulheres caucasianas na faixa dos 20 e 40 anos.
Mito: até meados do século 20, pensava-se que o problema existia apenas em mulheres brancas. Isso acabou sendo resultado da falta de cuidados médicos contínuos para muitas mulheres afrodescendentes. Hoje, inclusive, se entende que qualquer mulher, de qualquer etnia, adolescente ou mais velha, pode ter endometriose.
12 – A endometriose não tem cura
Verdade: infelizmente, ainda não há cura. Quando a endometriose é diagnosticada criteriosamente e existe o mapeamento da doença por meio de exames complementares, como ressonância magnética eultrassom, e um bom exame ginecológico, pode se realizar uma cirurgia bem detalhada para que se ressequem todos os focos da endometriose. Mulheres que passaram por uma cirurgia bem indicada e pelas mãos de profissionais qualificados, alcançam uma cura provisória por muitos anos. E pode ser até que nunca mais tenham endometriose, mas não de pode descartar que existe chance de a doença voltar.
13 – A endometriose afeta apenas os órgãos pélvicos.
Mito: embora a endometriose encontra-se principalmente na região pélvica, pode ser descoberta em outros órgãos, como diafragma, pulmão, parede abdominal, estômago e até mesmo nos olhos.
14 – Qualquer ginecologista pode efetivamente tratar a endometriose.
Parcialmente verdade: os ginecologistas, de um modo geral, estão preparados para o diagnóstico e para o tratamento, desde que estejam atentos aos sintomas e saibam mapear a doença. Porém, o tratamento cirúrgico, feito por laparoscopia, deve ser realizado por profissionais qualificados que tenham experiência em laparoscopia e em cirurgia pélvica. Encontrar um especialista em endometriose pode ser fundamental para o sucesso do tratamento.
15 – A endometriose sempre piora.
Parcialmente verdade: para algumas mulheres, sim, pode piorar. Isso porque muitas vezes a endometriose se comporta como uma doença benigna, progressiva e invasiva. Ou seja, ela vai invadindo os órgãos com o passar do tempo. Por isso o diagnóstico precoce é fundamental.
16 – Menopausa cura a endometriose.
Mito: a diminuição dos níveis hormonais pode amenizar a endometriose, porém, os focos vão permanecer. No caso de uma reposição hormonal, comum na menopausa, esses focos poderão retroceder a endometriose, abrandar a dor, diminuir o inchaço, amenizando os sintomas, mas não cura a doença.
17 – É comum confundir a endometriose com a síndrome do intestino irritável (SII)
Verdade: pode acontecer em uma fase inicial, pois os sintomas intestinais podem ser confundidos. Faz parte do diagnóstico diferencial verificar se a dor pélvica é uma endometriose, um problema intestinal ou até mesmo um problema urinário. Entretanto, com os exames complementares de ultrassom e ressonância magnética, é possível diferenciar uma da outra.
18 – A endometriose pode ser prevenida
Mito: não existe uma maneira de se prevenir. Porém, ter bons hábitos, boa alimentação e rigor no estilo de vida pode amenizar sintomas ou diminuir a chance dela surgir.
*The sensitivity of the DNA damage checkpoint prevents oocyte maturation in endometriosis, Mukhri Hamdan, Keith T. Jones, Ying Cheong & Simon I. R. Lane, Scientific Reports, doi:10.1038/srep36994
**Macrophage-derived insulin-like growth factor-1 is a key neurotrophic and nerve-sensitizing factor in pain associated with endometriosis https://www.fasebj.org/doi/10.1096/fj.201900797R
Fonte: Arnaldo Schizzi Cambiaghi é responsável técnico do Centro de Reprodução Humana do IPGO, ginecologista obstetra com certificado em reprodução assistida. Membro-titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Laparoscópica, da European Society of Human Reproductive Medicine. Formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa casa de São Paulo e pós-graduado pela AAGL, Illinois, EUA em Advance Laparoscopic Surgery. Também é autor de diversos livros.
in the press comunicação – Cármen Guaresemin